Os Sistemas “Software” Interactivos, ou Aplicações Interactivas, vieram trazer à Engenharia de “Software” a redobrada responsabilidade de, para além de ter que proporcionar métodos e ferramentas que auxiliem e facilitem a concepção e o desenvolvimento rigoroso da sua componente computacional, idealmente em obediência aos requisitos funcionais fixados, ter igualmente que garantir uma concepção adequada e sistematizada dos mecanismos de acesso a essa funcio-nalidade, ou seja, da Interface com o Utilizador. A falta de abordagens que suportem a concepção e o desenvolvimento inter-ligado das camadas computacional e interactiva, em particular satisfazendo requisitos de integração, rigor e sistematização, constituiu a motivação principal para o trabalho descrito nesta tese. Apresenta-se um método, de base rigorosa, visando a sistematização da con-cepção e do desenvolvimento de Sistemas “Software” Interactivos a partir da es-pecificação formal da camada computacional, bem como todos os desenvolvi-mentos necessários ao suporte do método, desde ferramentas a notações. Defende-se nesta tese que o desenvolvimento de Sistemas Interactivos se de-ve basear na especificação rigorosa da camada computacional e que, a partir desta especificação, informação crucial para a concepção da camada interactiva pode ser extraída, funcionando como elemento de ligação das concepções. Deste modo, e ao invés de práticas actuais mais orientadas pela tecnologia, no método proposto é a informação da camada computacional que orienta a realização da camada interactiva e não o contrário. Um modelo de interacção simbólico, independente da aplicação, e baseado em estruturas representativas da interacção, os arquétipos, é apresentado e formalizado, constituindo um dos suportes fundamentais do método. A noção de arquétipo possibilita, só por si, interacção dirigida pela estrutura sintáctica, e formaliza a noção de edição dirigida pela sintaxe. A adição de informação se- mântica, sintetizável a partir da especificação formal da camada computacional, permite a construção de um modelo de interacção designado modo assistido (sintáctico-semântico), que permite disponibilizar ao utilizador não só auxílio sintáctico como também auxílio semântico. Este último, ainda que impondo exi- gências particulares sobre as ferramentas de descrição e os mecanismos de im-plementação, possui a vantagem de diminuir a distância articulatória e cogniti-va entre o utilizador e o sistema interactivo, bem como a de possibilitar que se possa concentrar o tratamento de erros na camada interactiva, criando inter-faces com o utilizador “profilácticas” e não “terapêuticas”. Em resultado da sepa -ração de tarefas proposta pelo método, passamos a ter camadas computacionais totais, ou seja, imunes a erros de utilização e, em consequência, melhor separa-ção no processo de concepção e mais facilidade de alteração ou manutenção subsequente. Controladores de diálogos baseados no modelo proposto são especificados usando uma notação a que se deu o nome de Guiões de Interacção. A notação possibilita uma descrição composicional de diálogos sequenciais e concorrentes. Apresenta-se ainda o sistema GAMA para geração automática de IU em modo assistido, uma ferramenta que promove o desenvolvimento integrado com base no método proposto, utilizando os formalismos de especificação e de prototipa-gem específicos de cada camada. Finalmente, o estudo da possibilidade de se incorporar no sistema GAMA al-gum grau de adaptatividade levou ao desenvolvimento de um pequeno sistema de geração automática de interfaces adaptativas, o GAIA, cujas características e arquitectura são igualmente apresentadas.